ELIANE APARECIDA MIRANDA GOMES DOS SANTOS
Resumo: O presente trabalho visa abordar as relações de poder entre os trabalhadores e proprietários de terras de cultivo da cafeicultura em São Pedro do Ivaí-Pr, enfatizando os espaços de trabalhos entre 1970 a 1990. Busca-se através desse trabalho discutir as relações entre trabalhador e proprietários de terras que cultivavam as lavouras de café. O trabalho tem como fundamentação os relatos dos depoentes que participaram ativamente dessa atividade. A obra de Michel de Certeau, A Invenção do Cotidiano (1998) norteia-nos na compreensão dos espaços praticados. A obra Estratégia, Poder e Saber de Michel Foucault (1977) e Walter Benjamin (2013) com a obra O anjo da História (2013) nos orienta no entendimento e definições de relações de poder. Os entrevistados rememoram como se deu o processo de colonização de São Pedro do Ivaí, haja vista, que esse fato aconteceu no ano de 1948 a 1955 e uma importante motivação nesse processo de fundação do município, foi a cafeicultura. Percebeu-se com a pesquisa que as relações de poder entre trabalhadores e proprietários existiam de uma maneira indelével, mas existia.
1 INTRODUÇÃO
No
ano de 1948 inicia-se a colonização de São Pedro do Ivaí e os que no município
chegavam, vinham em busca de terras férteis para o cultivo da lavoura de café e
com o intuito de melhorar a sua condição financeira na esperança de fazer
fortuna através do cultivo da lavoura cafeeira. Esse cenário está incluso em um
contexto histórico de grande representatividade para o norte do Paraná,
enquanto no Brasil “as safras” de café demonstravam um “declínio da produção
desde 1940/41” o norte paranaense se expandia (CANCIAN, 1981, p.43).
O
município tem hoje sessenta e quatro anos, sua base econômica é a agricultura,
mais especificamente a soja, o trigo e o milho. A Renuka Vale do Ivaí, usina de
açúcar e álcool, e também a empresa multinacional Alltech do Brasil, empregam
cidadãos do município e região. A cidade de São Pedro do Ivaí tem 10.167
habitantes, mas, conforme relatos dos entrevistados e um documento cedido pela
Prefeitura Municipal (IPARDES), no ano de 1975 a população local era de “20.056
habitantes” e o que contribuía para esse número de moradores era o cultivo da
lavoura cafeeira que foi um dos importantes fatores para a colonização do
município.
Dessa
maneira, busca-se perceber através dos relatos e da memória dos entrevistados
como se dava as relações de poder entre os trabalhadores (que não tinham a
posse da terra) e os proprietários, existiam essas relações de poder e como ela
se estabeleciam. Portanto, a história
oral é uma ferramenta que proporcionou o acesso ao transcorrido no município,
fazendo a mediação entre o presente e o passado.
Uma
das entrevistadas nos relata que no ano de 1970, nessas tenras terras, “isso
aqui só era café” (BENEDITA, 2014). O que inquieta na relação café e
trabalhadores é o que “transforma o espaço do outro num campo de expansão para
um sistema de produção” (CERTEAU, 1982, p.81).
Vislumbrando
esse cenário, o questionamento é, onde estava o proprietário das terras, como
era a sua rotina, esse espaço de trabalho e como esse “espaço praticado” se
fazia com esse indivíduo. Busca-se dessa maneira, discutir com mais afinco as
relações de poder entre os trabalhadores e proprietários das terras cultivadas.
2 TRABALHADORES
X PRODUTORES DE CAFÉ: RELAÇÕES DE PODER?
Abordar
as relações de poder, é sempre um assunto delicado, pois nas falas dos depoentes
trabalhadores percebe-se um desconforto quando o assunto é o proprietário, mas,
ao mesmo tempo eles se dirigem a essa figura como sendo pessoas que mantinham
intimidade, que os conheciam desde longa data. Por parte desses trabalhadores
existe a questão sentimento, consideração, fidelidade e confiança.
A
depoente Benedita (2014) nos relata que ela e sua família trabalhavam como
porcenteiros ou meeiros nas lavouras de café no município, porém ela relata que
somente o chefe da família era contratado, mas todos os membros da família eram
envolvidos nos trabalhos com a lavoura.
“
(...) você vê quando nois ia colher café na tucumbira , aqui na tucumbira qui
nois pegava o saco de colher o café, por número, o do meu marido era número 15.
A gente de longe gritava, você acha meu número. Aquelas pessoas que era registrada
na fazenda que tinha o contratu era contratadu na fazenda era só o chefe da
casa, tivesse cinco pessoa que trabalhava na casa se tivesse seis filhos a
pessoa não era contratadu só era aquele chefe, só de chefe mesmo tinha 450
pessoas, vamos supor que você tinha cinco filhos ou seis filho, você tá
entendendo né? Só era contado nome do chefe, dos filhos num tava, eles trabalhava
e tudo.”
Assim
sendo, na concepção dos envolvidos nesse sistema de trabalho, o acordo foi
feito com o responsável pelas famílias (o homem, o esposo), como ele
desenvolveria as atividades nas lavouras era um problema desse responsável.
Verena Stolcke (1986, p. 14) chama a atenção a essa “característica do
colonato”. Conforme a autora, esse tipo de trabalho é nada mais que “a
exploração do trabalho familiar”. Era
como se os olhos dos trabalhadores estivessem revestidos de uma grossa camada
de escamas que os impediam de enxergar a real relação de uma servidão camuflada
existente. Percebemos que os trabalhadores se limitam em falar a respeito de
relação entre eles e os senhores da terra, e de uma maneira simples eles
relatam: “fulano era bom demais! Beltrano ajudava a gente”, como se dissessem o
contrário pudesse sofrer algum tipo de penalização ou castigo. Esse
comportamento a respeito dos proprietários das terras são heranças que trazemos
cravadas no íntimo, estigmas do período de colonização e escravatura. Stolke (1986, p.291) relata o sentimento do
pobre em relação ao rico, em relação a aquele que detém o poder.
“Nós
semos escravos, só não apanha que nem antigamente. Primeiro eles batiam; do
resto é a mesma coisa”. As formas de dominação mudaram, mas a dominação em si
persiste e o mundo ainda está dividido entre “nós, os pobres” e “eles, os
ricos”. A divisão entre “nós, os pobres” e “eles, os ricos” era vista como uma
oposição baseada, como antes, nas relações dominantes de propriedade.”
Foucault
(1977, p.226) discorre que “o coagir muitas vezes fica implícito nas relações a
que se deve obedecer, a que coação estamos submetidos, como, de um discurso a
outro, de um modelo a outro, se produzem efeitos de poder?”.
É
presente nas falas dos trabalhadores um sentimento de gratidão em relação aos
proprietários das lavouras demonstrando por partes deles (trabalhadores) uma
diminuição do seu trabalho, eles se sentiam valorizados por esse patrão, por
demonstrações demasiadas insignificantes, mas era o suficiente para lhes
fazerem se sentirem notados pelos patrões, nota-se uma disparidade na fala da
depoente.
A
relação de subordinação dos trabalhadores com os produtores proprietários das
terras de café tinha uma “marca indelével”, porém estava lá (CERTEAU, 1982). Ao
se justificarem, assumem a relação de subordinação, percebendo-se como eram
constituídas as relações de poder, onde o trabalhador demonstrava docilidade
para com o seu senhor. Analisando a fala da senhora Benedita (2014) ela
"estava na roça ajudando seu esposo a cuidar dos pés de café, lidando com
todas as tarefas que a lavoura exigia, porém, era contado para a fazenda o
chefe da família, emergindo a desconsideração com a mulher e com as crianças
que também eram envolvidas nesse processo de colheita do café”. “Cerca da
metade da população do mundo é composta de pessoas que trabalham na
agricultura, e mais da metade delas são mulheres” (STOLCKE, 1986, p.12).
Certeau
(1982, p.15) vai dizer que “no passado, do qual se distingue, ele faz uma
triagem entre o que pode ser "compreendido" e o que deve ser
esquecido para obter a representação de uma inteligibilidade presente”. Isso é
o que se observa na fala da depoente, muitas coisas sobre o seu passado como
trabalhadora da lavoura de café ficam no esquecimento. Benedita era uma
trabalhadora da lavoura de café, porém pelo contexto da época, ela se refere ao
seu trabalho como um trabalho auxiliar a produção do esposo.
Os
depoentes relatam que as famílias trabalhavam o dia todo, se assim era, percebe-se
a desvalorização do trabalho da mulher, diante o preconceito da época.
Observa-se que em trabalhos braçais o homem assume a posição de liderança,
tratando a mulher como o sexo frágil. Com os relatos das depoentes observam-se
como essas mulheres se entregavam nesse trabalho braçal o dia todo e nos finais
de semana cuidavam da casa e da alimentação (como fazer pães, cozinhar o
feijão) se organizando para enfrentar a semana de trabalho. Mas, esse assunto
de desigualdade de gênero fica para outra oportunidade, haja vista, a priori é
a discussão sobre relações de poder entre trabalhadores e proprietários de
terras que cultivavam a lavoura cafeeira.
Stolke
(1986, p. 259) indaga “é difícil para os trabalhadores “procurar” os seus
direitos por que tanto os que fazem queixas na justiça, como os que dispõem a
testemunhar no tribunal, ficam marcados” essa situação não é diferente até
mesmo nos dias atuais, onde os iguais (os pobres) se voltam a favor daqueles
que estão no poder.
Na
perspectiva de Foucault (1977, p. 231) a palavra poder não está conectada a
“poder estatal, mas um lugar estratégico onde se encontram todas as relações de
forças poder/saber”. Dessa maneira, as roças de café eram esse “lugar
estratégico” onde os trabalhadores e produtores da lavoura experimentavam essa
relação empiricamente.
A
depoente Rosa (2017) descreve como era o seu trabalho nas roças de café, “eu
rastelava e banava o café, na época da colheita” o pai da depoente arrendava as
terras e quando colhia o café, repartia o lucro com o dono da terra. As falas
vão se interligando e nos leva a entender que o trabalho desenvolvido pelas
famílias na colheita do café no município de São Pedro do Ivaí, era algo comum
de se ver. As pessoas iam de uma fazenda a outra trabalhando, muitos vizinhos
trocavam favores, um ajudando o outro a acabar com a colheita do café, existia
uma cordialidade acentuada entre os sitiantes e arrendatários.
“(...)
a geada foi no ano que casei, eu casei em outubro e a Geada foi em julho, meu
pai fez igual aí, apelô para a lavoura de soja e algodão, como o sítio era
pequeno era dividido, uma parte era o soja e outra parte era o algodão. Foi um
baque grande para ele, porque o café era tudo, era até chamado o ouro do
Brasil, quem se arriscava plantá, plantava até por curiosidade.”
A
geada de 1975 foi um “baque” (a expressão usada por muitos proprietários e
também trabalhadores da lavoura de café que ainda residem no município de São
Pedro do Ivaí). Nessa situação da depoente não havia nenhum contratempo nos
trabalhos com a lavoura, pois os envolvidos nesse cenário eram todos da
família. Quando a depoente profere “quem se arriscava plantá” esse arriscar-se,
era mergulhar no desconhecido e quando o indivíduo se depara com situações que
fogem do controle, o que resta é seguir em frente.
Para
Foucault (1977, p.231)
Quando
se tem esta concepção do poder, penso que o localizamos somente nos aparelhos
de Estado, enquanto as relações de poder existem - mas isso, sabe-se apesar de
tudo, porém nem sempre se tira as consequências - , passam por muitos outras
coisas. As relações de poder existem entre um homem e uma mulher, entre aquele
que sabe e aquele que não sabe, entre os pais e as crianças, na família. Na
sociedade, há milhares e milhares de relações de poder e, por conseguinte,
relações de forças de pequenos enfrentamentos (...)
As
relações de poder são exercidas em todo corpo da sociedade, mas, muitas vezes
esse exercício não é notado e tão pouco explícito. São relações que nos são
confiadas indiretamente, quando se dá conta, o indivíduo está totalmente
envolvido. “Enfim, é preciso dizer também que não se podem conceber essas
relações de poder como uma espécie de dominação brutal sob a forma: “Você faz
isto, ou eu o mato”“ (FOUCAULT, 1977, p. 232). Ou seja, o poder muitas vezes
está implícito nas relações do cotidiano, sendo que muitos dos trabalhadores
percebem de maneira empírica no espaço de trabalho. As relações de poder sempre
esteve presente em nossa história.
A
convivência com as pessoas faz com que se experimente as relações de poder nos
relacionamentos “as relações de poder são intricadas em outros tipos de relação
(de produção, de aliança, de família, de sexualidade) em que desempenham um
papel ao mesmo tempo condicionante e condicionado” (FOUCAULT, 1977, p. 248).
O
depoente Francisco (2014) era proprietário de terras no município, porém sempre
morou na cidade, em sua propriedade moravam os empregados que cuidavam e
realizavam as tarefas que a vida rural exige. Eles cultivaram o café em 1972, a
Geada Negra de 1975 prejudicou suas lavouras, “o café num ficou verde nem uma
folha” negociaram suas dívidas com o Banco e tiveram mais cinco anos de
carência para iniciarem o pagamento do prejuízo que a Geada lhe causou. Esse
depoente por morar na cidade, mantinha a rotina de ir á roça todos os dias,
para acompanhar o que estava acontecendo nas lavouras de café, o depoente
empregava em suas terras oito famílias. Sendo assim, os empregados que davam
conta do trabalho nas lavouras cafeeiras e na manutenção da fazenda. “A fazenda
é considerada na sua função de organizadora da produção, dentro de uma
estrutura fundiária onde a grande propriedade, desde o inicio da cafeicultura,
terá um papel relevante” (PAZ, 1991, p. 42).
Após
o evento da Geada Negra, segundo Francisco (2014) “o café não dava preço” mesmo
assim, continuaram cultivando a lavoura até 1982 arrancaram os cafezais para
cultivarem a soja. Na visão do depoente ele considera que não encontraram
dificuldades para iniciar a vida no município, “fomo no banco e saiu o financiamento”
nesse caso Francisco e a família migraram em 1972 do Rio Grande do Sul a São
Pedro do Ivaí. No inicio eles mantinham o sistema de porcentagens “no começo
era tudo de ameia” em seu relato o depoente descreve que não contratavam mão de
obra de fora, “porque era arrendado e a família tinha que dar conta”. Nota-se
pela fala do depoente que as relações de poder se aplica, haja vista
discorrermos acima sobre as relações de poder que são exercidas em todo corpo
da sociedade. Não se identifica no relato grandes dificuldades, haja vista, se
tratar da visão do proprietário de terras.
O
café deixou um rastro no município, que não se pode apagar. No inicio, por
volta de 1950 os moradores são envolvidos por uma empolgação, expectativa de
lucro “eureka”! Encontraram um meio de viverem, uns bens, outros nem tanto,
sofrido, ameno, a terra prometida a “Nova Canaã’! (TOMAZI, 1997, p. 08) Enfim,
o ciclo da lavoura se findou, por um conjunto de fatores, condições climáticas,
instabilidade de preços, pouco incentivo do governo. Deixando marcas na vida e
na memória dos cidadãos envolvidos nesse cenário de lutas diárias que abrange
relações recheadas de subordinações emergindo analogias de poder existente
nesse contexto que se busca demonstrar com o desenvolvimento do trabalho.
Os
trabalhadores e proprietários de café viveram experiências únicas, podendo
empiricamente compartilhar com seus familiares, amigos e os que ousam buscar
conhecer mais afinco o passado dos cidadãos que construíram suas vidas a priori
a partir da esperança de verem seus filhos constituir seus lares e muitos
desses homens e mulheres da roça, do campo, sonhavam em assistirem seus filhos
dando sequencia em seus trabalhos na agricultura. Esses homens e mulheres
trabalhadores do campo e proprietários desses lotes de terras tinham o desejo
de que o município evoluísse, tinham “fé no progresso” mesmo que ele não
tivesse ainda acontecido (BENJAMIM, 1987).
Considerações finais
Observa-se com o desenvolvimento
do trabalho que existia mesmo que indelével, a relação patrão e empregado entre
o trabalhador sem a posse da terra e o proprietário dessa terra, por mais que
os depoentes não usaram palavras para explicitar, as relações de poder estão
ali, implícitas.
Dessa maneira, o trabalho alcança seu objetivo de análise em torno das
relações de poder entre os trabalhadores e os proprietários das terras
cultivadas com a lavoura cafeeira de 1970 a 1990 em São Pedro do Ivaí.
.
Fontes Orais:
FRANCISCO. Aposentado,
73 anos. Entrevista em 21 de julho de 2014.
ROSA. Aposentada,
70 anos. Entrevista em 18 de Novembro de 2017.
Referências
bibliográficas:
Eliane Aparecida
Miranda Gomes dos Santos, Mestre em História pela
Universidade Estadual do Centro-Oeste do
Paraná (UNICENTRO). Licenciada em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG), Especialista em História Cultura e Arte também pela UEPG, Especialista
em Religião, Sociologia e Filosofia pela Faculdade Eficaz, Especialista em
Metodologia de Ensino de História pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI),
Especialista em Educação do Campo pela Faculdade de Tecnologia do Vale do Ivaí
(FATEC).
BENJAMIN, Walter. MAGIA E TÉCNICA, ARTE E
POLITICA. 1987.
PAZ, Francisco. (org.). Cenários de economia e
política: Paraná. Curitiba, 1991
CERTEAU,
Michel. A invenção do Cotidiano, Rio de Janeiro, 1998.
FOUCAULT,
Michel. Estratégias, Poder e Saber. 1977.
MIRANDA,
Eliane Aparecida. RAGUSA, Helena. ATELIÊ DE HISTÓRIA, UEPG (Departamento de
História- Universidade Estadual de Ponta Grossa). Ponta Grossa, PR, 2015, Volume 02, n°2, 2014,
p.67-75.
STOLCKE,
Verena. Cafeicultura Homens, Mulheres e Capital (1850-1980). São Paulo, 1986.
TOMAZI,
Nelson Dacio. "NORTE DO PARANÁ" HISTÓRIA E FANTASMAGORIAS,
Universidade Federal do Paraná- Curitiba - Fevereiro de 1997.
Parabéns pelo texto, Eliane. Conduziu-o com maestria!
ResponderExcluirQual a experiência em usar fontes orais em sua pesquisa?
Comentário de Nikolas Corrent
Obrigada, Nikolas! Trabalhar com história oral foi enriquecedor, analisar a maneira que os entrevistados apresentam o que eles viveram é bem interessante. Portelli escreve que a história oral é a "arte da escuta". É necessário ao trabalhar com a história oral muito respeito por parte do historiador e ainda fazendo referência a Portelli as entrevistas de H.O são como um "experimento em igualdade".
ResponderExcluirOlá Eliane, estudamos no mesmo ppgh, terminei em 2016, e você?
ResponderExcluirGostei de seu trabalho, são ótimas as considerações, o tema, a relevância social e necessidade de aproximar esse debate a questões que ainda insistem no tempo. Faço minha pergunta/comentário a partir dos meus estudos sobre gênero, feminismo e história das mulheres. Ao longo de seu trabalho foi possível identificar distintas relações de poder, algumas mais acentuadas quando trata da relação homensxmulheres. Quais os motivos de você nao ter explorado mais essas questões? Você possui outras análises que contemplem essa questão? E, em algum momento você identificou nas falas das entrevistas algo que possa corresponder ao ativismo das mulheres no campo, ou até mesmo algo de uma possível relação com movimento de mulheres camponesas? Obrigado
Jorge Luiz Zaluski
Olá, Luiz! Que bacana, eu defendi o ano passado!
ResponderExcluirAgradeço por ter lido o meu texto e pelos apontamentos.
Gostaria de ter explorado mais o assunto homens x mulheres e essa relação de poder, mas para cumprir o número de caracteres exigido pelo simpósio, eu não consegui desenvolver mais a questão. Tenho um texto que trabalho a atuação feminina na lavoura de café. As mulheres que entrevistei relatam uma dupla jornada de trabalho, ficavam o dia todo na lavoura e ao chegar em casa, iam cuidar dos serviços domésticos a luz de lamparina ou lampião. Infelizmente na minha pesquisa, eu verifiquei uma certa alienação por parte das mulheres entrevistadas, elas retrataram o papel desempenhado como o de simples ajudantes de seus esposos.
Eliane A. M. Gomes dos Santos.