ELBER LEVY TEIXEIRA SOARES
THIAGO BRONI DE MESQUITA
INTRODUÇÃO
O livro didático (LD) é uma ferramenta fundamental para a
formação intelectual e no desenvolvimento das competências do aluno durante a
vida escolar. A partir da redemocratização, segundo o historiador Carlos Fico
(2014) a Historiografia brasileira cresceu nos últimos 30 anos,
especialmente relacionado a respeitos aos estudos sobre a história do Brasil
republicano e principalmente sobre a ditadura militar. Isso indica, o
crescimento de produção e interesse dos historiadores em estudar o período
militar, ligando ao Ensino de História -
os livros didáticos tornaram-se um objeto importante de análise.
A questão constante de Memória nos debates sobre Ditadura
Militar e pesquisas dentro do Ensino de História envolvendo a Consciência
Histórica (CH) foram a
motivação em verificar de que maneira os autores desenvolvem a narrativa
mediante a memória construída pelos grupos sociais da sociedade contemporânea
dentro do LDH, constituindo a perspectiva dos autores dentro da CH,
constituindo-se, no principal problema. A hipótese principal é como os professores desenvolvem o
material utilizando a memória e perspectiva individual de consciência histórica
sobre a questão do Golpe de 64, se encaixando nos moldes e tecnicidade do
Ministério da Educação e consequentemente afeta em sala de aula.
O estudo possui como objeto de estudo o livro didático de
história do 9° ano, aprovados pela PNLD 2020 e enviados para a Escola de
Aplicação - UFPA por meio do MEC, de modo analisar os três livros selecionados
- HISTÓRIA ESCOLA E DEMOCRACIA – EDITORA
MODERNA, HISTÓRIA SOCIEDADE & CIDADANIA - EDITORA FTD e o HISTÓRIA.DOC -
EDITORA SARAIVA. O recorte teórico da pesquisa foram diversos e optei para a
utilização das teorias do Carlos Fico em questão da Ditadura Militar, sobre
memória da Schwarcz e consciência histórica baseada de Rüsen e Cerri como
complemento no ensino, para desenvolver como base teórica dentro do estudo e
analisar os posicionamentos dos autores nos livros escolares. O objetivo é
provar como os autores elaboram o livro didático utilizando a memória e sua
formação da perspectiva de consciência histórica ao objeto de conhecimento
sobre ditadura militar dentro do ensino de história.
Portanto, neste presente texto estão divididos em três
seções: Primeira seção: livro didático envolvido nos debate de memória,
consciência histórica e os seus desdobramentos políticos; segundo - análise dos
dados ao resultado e a última seção - considerações finais do presente artigo.
LIVRO
DIDÁTICO ENVOLVIDO NOS DEBATES DE MEMÓRIA, CONSCIÊNCIA HISTÓRICA E OS
DESDOBRAMENTOS POLÍTICOS
2.1. Análise metodológica, os debates de
memória e consciência histórica
Através dos livros encaminhados pela direção e coordenação
pedagógica da Escola de Aplicação ao professor orientador, o mesmo repassou
para os bolsistas analisarem de maneira detalhada a questão do conteúdo
envolvendo a ditadura militar do Brasil (objeto de estudo), os debates
historiográficos que os autores trouxeram na obra (problema) e como a memória e
a consciência histórica é desenvolvido no LDH (consequência).
Surgiram questionamentos no decorrer da coleta de dados da
escrita dos autores, um dos exemplos - os materiais foram escritos com uma
“neutralidade” nas narrativas e memórias utilizando o entendimento do período
histórico atendendo um grupo? Relacionando com a ideia de Helenice Rocha (2017)
fez compreender que os livros, pelos assuntos que tratam, são carregados de
ideologia, por mais busque isentar de proselitismo. O LD representa
posicionamentos de grupos e do autor, sempre utilizará suas ideologias para a
interpretação das narrativas e memórias de grupos sociais, por mais tente ser
imparcial ou não influenciar o aluno.
As análises foram de método qualitativo, onde é aplicado
dentro do LD sobre as narrativas do livro, pontos dos professores organizadores
e dos debates registrados sobre o objeto de conhecimento relacionando os
principais pressupostos teórico sobre ditadura, memória e consciência histórica
- Fico (2011), Schwarcz (2017), Cerri (2011) e Rüsen (1992) respectivamente
para aplicar teorias e posicionamentos na pesquisa e tentar compreender as
perspectivas dos autores do livro de história.
Assim é fundamental desenvolver os conceitos de memória e
consciência histórica, para o entendimento da análise e nos resultados. O
conceito de memória é a “dimensão subjetiva ao traduzir o passado na primeira
pessoa e a ele devotar uma determinada lembrança: daquele que a produz. (...)
recupera o “presente do passado” (SCHWARCZ, 2019, p. 14).
A memória é algo construído e pertencente ao um determinado
grupo ou próprio sujeito formou sua lembrança do ocorrido no passado e repassa
para o presente. Os historiadores do Tempo Presente, grupos ligado aos
militares e a população possui um embate acerca da memória sobre o período
histórico abordado no artigo - “Se foi golpe ou uma revolução?”, “Na ditadura
não teve corrupção”, “teve democracia absoluta”, entre outras frases. Todas
essas frases são mencionadas no senso-comum, como Schwarcz (2019) menciona que
toda a nação constrói seus mitos e produz a capacidade de produzir nos cidadãos
o sentimento de pertencer a uma comunidade.
Outro conceito fundamental é sobre consciência histórica.
Segundo Cerri (2011) é entendida como o sentido do indivíduo passa a perceber a
sua condição determinada pela história e não somente agente dela. O indivíduo
entende a sua existência, para ser um construtor das narrativas em uma
sociedade e forma dois elementos fundamentais/habilidades - identidade pessoal
e o entendimento para a formação do pensamento de um período histórico.
A consciência
histórica para Jorn Rüsen (1992) possui a função ajudar-nos compreender a
realidade passada para o entendimento no tempo presente. Comparada como uma
bússola, direcionando ao passado para buscar entender e levar um entendimento
sobre o fato no tempo presente. Mediante a orientação, o indivíduo busca
refletir as condições de construir um pertencimento [identidade] e
principalmente uma aprendizagem para desenvolvimento intelectual. Então,
significa de maneira objetiva para “Rüsen uma categoria que se relaciona a toda
forma de pensamento histórico, através do qual os sujeitos possuem a
experiência do passado e o interpretam como história” (MARRERA; SOUZA, 2013, p.
1070).
2.2. LDH no campo do ensino e seus
desdobramentos políticos
No campo do ensino,
os materiais didáticos sempre envolverá debates e disputas nos processos
políticos e sempre carregará os posicionamentos dos autores atendendo um
determinado governo. Ao referir sobre os livros, Timbó (2009) afirma que o
livro didático veicula os valores e ideologias, uma das características básicas
é a produção busca atender às exigências governamentais, já que o governo é o
comprador dos materiais. O LD nunca repassará de maneira imparcial os
conteúdos, tudo para atender os interesses do Estado como forma de privilegiar
um grupo dominante e repassar as ideologias no ensino, porém cabe ao professor
em sala de aula escolher privilegiar uma elite repassando a ideia de uma
história única ou utilizar as narrativas dos grupos silenciados a margem da
sociedade para o aluno construir o seu posicionamento (KETTLE, 2019).
Mencionei, sempre alguma fonte inclusive o LDH carregará os
valores de uma determinada elite ou grupo. Um governo progressista ou
conservador afirma o posicionamento político diante da educação brasileira
colocando as suas ideias, seus valores e concepções de Memórias sobre o Golpe
de 64 para atender um determinado grupo intelectual ou ideologia. Um dos
exemplos é o Governo progressista de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e
Dilma Vana Rousseff (2011-2016) “levantaram a bandeira” sobre a veracidade da
ditadura militar no Brasil, por ter sido vítimas e outros companheiros foram
submetidos a tortura e a perseguição do governo.
Em 2011, foi sancionada pela Presidente Dilma a Lei 12.528 -
“Cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da
República” (BRASIL, 2011). Responsabilidade de analisar e mostrar as gravidades
dos Governos Militares ao violar os Direitos Humanos, para construção de uma
memória e uma verdade histórica, a fim que esclareça os acontecimentos do
período. Foi implantado e gerou polêmica no meio dos militares afirmando que os
integrantes da comissão estava “varrendo para debaixo do tapete” as supostas
violações dos militantes, tudo escrito em uma nota publicada pela BBC sobre as
entidades de grupos militares. A questão de polêmicas historiográficas sempre
haverá controvérsias em grupos sociais quando é trabalhado a questão da Memória
e CH sobre o passado relacionando ao tempo presente.
Outro exemplo é o Governo conservador do presidente Jair
Messias Bolsonaro junto com colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, ex-ministro da
Educação. No segundo trimestre de 2019, o ministro declarou em reportagem da
Folha de São Paulo que “não houve golpe em 1964 e que livros didáticos vão
mudar. Vélez negou que houve ditadura no Brasil no período de 1964 a 1985 e
principalmente no âmbito educacional e histórico faria mudanças nos materiais
didáticos do Plano Nacional do Livro Didático 2020, aplicando o revisionismo
histórico.
As declarações, investigações e os embates em relação ao período
histórico sempre ocorrerá, principalmente quando trabalhamos nas abordagens nas
aulas. Ao utilizar o LDH sempre “carregará as concepções de alguém ou de algum
grupo que, em determinados espaços e tempos, detém o poder de dizer ou fazer”
(SILVA; FONSECA, 2010, p. 16). Assim, ao ensinar não é correto obrigar a
construir numa perspectiva do professor ou livro, pois como Cerri (2011)
posiciona a questão da criança ou adolescente ao deparar no espaço escolar com
as consciências formadas em traços
fundamentais, porém o debate é fundamental juntamente com a negociação é a abertura de maneiras de
atribuições de sentido ao tempo que os alunos trazem dentro da visão de
mundo deles.
Logo, os LDH é instrumento e política educacional do Brasil. Afirmo
sempre carregará alguma ideologia, debates e embates de memórias e
principalmente no ensino de história ocorrerá. Os governos tanto de Direita e
Esquerda fará mudanças nas concepções de ditadura militar dentro da visão e
imaginário para provar a qualquer custo os valores de maneira provadas
cientificamente, aplicada de maneira sutil dentro dos LDH ou diretamente
autoritárias.
ANÁLISE
DOS DADOS AO RESULTADO
Nesta seção, será abordado os resultados e dados coletados
durante a análise dos capítulos voltados de ditadura militar e seus
desdobramentos dentro da visão e narrativa dos autores do material didático. A
interpretação dos resultados é fundamentada na perspectiva sobre o período e
nos pressupostos teóricos da consciência histórica e memória. Assim, necessitou
passar por percursos e critérios de análises dos materiais.
Primeira fase constituiu na escolha de três coleções
didáticas. O primeiro livro é “história Escola e Democracia”, segundo “História
sociedade & cidadania” e o terceiro “História.doc”. Ambas foram elaboradas
no ano de 2018 e selecionadas pelo PNLD. Os livros serão utilizados por todos
os alunos no decorrer dos anos 2020, 2021, 2022.
Segunda fase, análise das três obras e identificar os
conceitos relacionados a ditadura, sem a preocupação com a questão dos debates
historiográficos e sim se colocar numa posição de aluno do 9° ano verificando e
praticando uma leitura do objeto do conhecimento focando na causa e
consequência do período. Nesse momento, foi necessário fazer observações em
sala de aula, aprofundar nas argumentações e teorias historiográficas sobre o
golpe e principalmente “trabalhar com o livro didático requer uma série de
conhecimentos, historiográficos e pedagógicos, percebendo-o como um documento
que comporta vários outros documentos na sua estrutura” (TIMBÓ, 2009, p. 4-5).
Terceira fase da pesquisa, entrou no objetivo principal da
pesquisa questão da compreensão das abordagens dos autores relacionando ao
conteúdo de ditadura, a memória e a consciência histórica, ou seja, verificar
as abordagens como um pesquisador e a sensibilidade crítica ao fazer as
leituras, interpretações das narrativas e construindo os dados.
Última fase destina a montagem dos resultados das análises.
Os dados da pesquisa estão expostos em quadro a análise dos títulos dos
capítulos voltados para o regime militar juntamente com a interpretação da
pesquisa e fluxogramas mostrando os possíveis processos de construção da
consciência histórica no LDH ao professor e consequente no aluno.
3.1 - Análise do título do capítulos
dos livros - relacionando a memória
Fig 1 - Título
dos capítulos dos livros. Soares (2020)
A análise dos dados permitiu a possibilidades de construções
interpretativas a questão dos títulos do capítulo do regime para chegar a uma
lógica apresentada no livro. O título de cada capítulo é interligado ao tema do
artigo, cada obra contém a narrativa dentro de uma consciência histórica do
organizador[res] ou grupos ligados ao um movimento participante do período,
contendo representatividade de um grupo. Assim, os dados deram
possibilidades/pistas de interpretações dentro da BNCC e leituras de correntes
historiográficas.
O primeiro livro menciona no capítulo 11- “A ditadura
civil-militar no Brasil”. Reforça a ideia utilizada pelo professor Carlos Fico
(2014) dos militares tomaram o poder mediante um golpe contando com dos
deputados e senadores conservadores, religiosos influentes e entidades públicas
conhecidas como a OAB - Ordem dos Advogados do Brasil e a ABI - Associação
Brasileira de Imprensa, colaborando com derrubada de Goulart da presidência. Os
autores da obra utilizaram os estudos do Fico na abordagens e as memórias
juntamente a CH dos grupos e movimentos que resistiram no período para
formalizar as interpretações.
Segunda e a terceira obra, o título dos capítulos
correspondem uma possibilidade de utilização da ideia do historiador Daniel
Reis (2010) defende que houve uma ditadura no país com apoio de diversas
camadas civis e políticas, no entanto ao efetuar o golpe de Estado no Goulart
não foram os civis junto com os militares o derrubaram do poder e sim os
Generais do exército derrubaram o presidente e decorrer dos anos se tornou uma
ditadura. Nessa possibilidade os autores do “História sociedade &
democracia” e o “História escola e democracia” utilizaram a teoria do Reis ao
abordar sobre o conteúdo no LD utilizando o entendimento sobre ditadura militar
para explicar as narrativas da Elite e principalmente utilizando a memória
erudita e oficial do Estado.
Relação às
interpretações dos dados, percebe-se a questão de cada título dos livros são
distintas e leva a vários sentidos de entendimentos ao repassar ao material.
Quando aplicamos a CH nas narrativas são voltadas ao enfatizar aos militares
que derrubaram o Goulart e o País fica livre de uma “ditadura comunista’’ e
outra perspectiva os militares não fizeram sozinhos o golpe, precisaram de uma
razão para derrubar o jango como a reforma agrária, todos ocasionaram
indiginações nos políticos conservadores e grandes latifundiários e
consequentemente o Golpe de 64.
3.2. Processos de Construção da consciência
histórica do autor no LDH
Diante do resultado construído, foram desenvolvidos em um
programa de powerpoint dois
fluxogramas para descrever os processos de construção da consciência histórica
dentro do livro didático escolar e baseado nas ideias de Rüsen. Considerando
nesse trabalho de pesquisa, a questão do professor organizador e os grupos
envolvidos na sociedade.
Fig 2: Primeiro
modelo de processo de construção da CH - Autor até a formação da consciência no
LDH, com limite de loop. Soares (2020)
O autor é o terminal do
processo, significa o sujeito no início da formação da CH; através do terminal
gera a vivência é a preparação significando
para Rüsen (1992) a capacidade de aprender o olhar do passado e ter
experiências temporais. Levando ao processo
do entendimento do autor em relação a ditadura, criando a competência de
“habilidade para reduzir as diferenças de tempo entre o passado, o presente e o
futuro através de uma concepção” (RÜSEN, 1992, p. 10).
O estudo é o atraso
trazendo uma ideia de uma pausa do autor ao construir as ideias dos estudos
historiográficos de um período, principalmente relacionado a ditadura. A decisão
é a ditadura militar, mostrando o tema e direção determinada para os documentos a construção das informações
sobre o período e assim formando o processo pré-definido - geração das narrativas coletadas e analisadas sobre
o fato, levando a entrada manual da
construção que é a elaboração do LDH ligando e classificar a historiografia [hist.] e a Narrativa Construída [N.C]
do autor levando ao conector significando
a inspeção do Estado conduzido pelo MEC sobre a obra e fará o processo de definição do que será
selecionado e incluído no livro, obedecendo as normas técnicas do ministério e
a ideologia do Governo até chegar ao armazenamento
interno indicando o LDH elaborado pelo organizador do material, carregado
de narrativas e memórias, levando ao processo final de consciência histórica
construída. Porém, no final do processo surge o processo de limite de loop formando o início dos
embates dos saberes/narrativas e “atrapalhando” o desenvolvimento final da
construção da CH, formando uma constância conhecido popularmente como “círculo
vicioso” entre o LDH construído, do professor e do aluno.
Fig
3: Segundo modelo de processo da construção da CH, sem o limite de loop.
Soares (2020)
Nesse resultado, foram basicamente os mesmos processos do
primeiro fluxograma a construção da CH. Todavia, sem o embate (limite de loop)
de memória - narrativas não gerado entre professor e o aluno em sala de aula.
Levantando a hipótese: o professor desenvolve uma consciência e não aplica nos
debates com coerência sobre a ditadura e prática um ensino metódico em repassar
de maneira conteudista, sem uma reflexão no aluno, assim, colocando
questionamentos sobre de onde é produzido? Para que? Como é afetado na vida
social e escolar do aluno? Todas as perguntas, diante do aluno é fundamental
nas abordagens em sala de aula para um exercício crítico e início de construção
de uma CH no aluno, pois está em fase de desenvolvimento crítico diante da
realidade quanto no professor de História.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Portanto, a pesquisa inicialmente teve objetivo de analisar
os livros relacionando com a memória e como funciona a CH no LDH. Os resultados
levaram a uma importancia da complexidade do estudo de Rüsen voltado para o
ensino de história, a importância de aprofundamento dos conceitos relacionados
a CH e a pesquisa do funcionamento em sala de aula. Rüsen (1992) cita que a consciência
histórica evoca o passado como espelho da experiência na qual reflete na vida
presente e reveladas. Desse modo, a importância do debate sobre ditadura com os
alunos, reforça a importância do CH para a prática no tempo presente e trazer a
lembrança do passado para refletirmos sobre os acontecimentos do passado e para
a desconstrução das continuidades do passado e gerar mudanças graduais a longo
prazo no cotidiano escolar e social.
REFERÊNCIAS
Elber Levy Teixeira Soares é acadêmico de
Licenciatura em História pela Universidade Federal do Pará - Campus Ananindeua.
Atualmente é bolsista Pibic-Prodoutor, desenvolvendo as atividades de pesquisa
na Escola de Aplicação-UFPA com o tema do projeto: “Para que não se esqueça,
para que nunca mais aconteça: regimes autoritários e ditadura militar no
Brasil, entre o conhecimento histórico e o conhecimento histórico escolar”, sob
orientação do prof° Dr. Thiago Broni de Mesquita.
Thiago Broni de Mesquita é Doutor em
História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Ciência
Política e Graduado em História pela Universidade Federal do Pará. Atualmente é
professor DI Nível 02 da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará e
Professor do Mestrado Profissional em Ensino de História da UFPA - Campus
Ananindeua (ProfHistória).
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âmbito da Casa Civil da Presidência da República. Brasília, DF. Novembro 2011.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12528.htm. Acesso: 11/05/2020
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01/04/2011. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/04/130330_comissao_verdade_cq_ac. Acesso em: 15/05/2020
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TIMBÓ, Isaíde Bandeira. Livro
didático de história: cultura material escolar em destaque. Anais do ANPUH – XXV Simpósio Nacional de História. Fortaleza,
2009.
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ResponderExcluirNo que se refere aos livros didáticos de História (LDH), esses materiais didáticos configuram como um instrumento de difusão das ideologias e dos valores de um grupo político. Diante disso, os autores exemplificam o governo de Dilma Rousseff e a "Comissão da Verdade" sobre a ditadura e o governo de Jair Bolsonaro e o revisionismo histórico acerca do golpe de 64. Nesse sentido, de que maneira o revisionismo histórico influencia na formação da memória e na construção da consciência histórica sobre a Ditadura Militar nos livros didáticos e no ensino de História?
ResponderExcluirMaurício José Quaresma Silva
Excelente pergunta, Professor Maurício!
ExcluirA professora Rocha (2017) cita - "todo livro didático de história é carregado de Ideologias e sem imparcialidade ao narrar os fatos". Significa que o livro possui ideologias e sempre haverá posicionamento de um grupo, assim mostrando a não imparcialidade ou neutralidade das narrativas de cada período histórico.
O revisionismo histórico sempre influenciará, em principal na memória; como o Le Goff menciona a questão do homem ao interferi na memória para uma releitura dos vestígios. Mostrando sobre o sujeito-instituição ao alterar as narrativas e consequentemente afetará as memoria coletiva, como um silenciamento.
A CH infleunciará no ensino de ditadura, principalmente nos sujeitos (alunos e professores) e passam a perceber como sujeitos da história e o LDH tem também a finalidade, mesmo com as limitações e ideologias. Entretanto, cabe ao aluno se identificar e interpretar o período e o professor tem a responsabilidade de auxiliar o aluno.
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ExcluirOlá Elber e Thiago,
ResponderExcluirachei o trabalho muito interessante e oportuno para novas pesquisa. É um tema que não se esgota e possui muitas reverberações, realmente, uma História do Tempo Presente. Em relação a esse ponto, percebi no texto o uso conceitual de contemporânea e história do tempo presente. Acredito que pelo viés da segunda, vocês conseguiram trazer novas reflexões, assim como ampliar o campo de análise, como as das relações com as atuais questões sobre o livro didático e muitas das situações provocadas durante a ditadura civil-militar, essa que parece não passar. Surgiu uma inquietação, como, diante de um tema tão importante o livro mantem uma "imparcialidade"? Vocês buscaram compreender as relações econômicas existentes nas editoras? A qual grupo (pessoas) elas pertencem? Algum parentesco com representantes do governo? Sei que existe uma limitação do número de caracteres, mas acredito que seria viável explicar o uso do conceito revisionismo, e de que modo ele corrobora para a impunidade dos crimes cometido durante a ditadura. obrigado pelo trabalho. Parabéns!
Jorge
Excelente questionamento Jorge Luiz. Primeiramente, obrigado pelas contribuições acima, foram de suma importância para um exercício de reflexão.
ExcluirA questão da imparcialidade, no decorrer das analises percebo nas três obras que não existe uma "imparcialidade", sempre carregar alguma determinada ideologia. Lembro a questão do Freire que não existe uma Neutralidade ou imparcialidade, pois sempre carregará a ideologia dominante de um grupo, como exemplo em uma das obras que analisei menciona muito a respeito militância e movimentos sociais da Esquerda, esse autor ele utiliza a sua CH, por ter sido um sujeito e interpretou diante do período, significa que viveu e teve experiencia do ocorrido. A questão econômica entendo que depende do governo do período, pois exemplo é o Governo Bolsonaro e o PNLD, as editoras souberam que o governo mudaria o edital e um revisionismo nos LD e rapidamente as editoras mudaram as narrativas da ditadura para não perder seu espaço de publicações e verbas públicas. Os grupos afirmo que são professores universitários organizadores, donos ou sócios de sistema de ensino particulares e envolvidos com algum movimento social e também políticos donos de editoras. A questão do parentesco realmente não parei para refletir, porém vou pesquisar mais a fundo.
Att. Elber Soares
Outra questão é o conceito de revisionismo. Basicamente significa o ato de reanalisar e gerando um novo ato de valor ou narrativa. Trazendo a questão da impunidade, utilizo Le Goff a questão da memória como perca voluntária, remete sobre o ato de silenciar as narrativas e os testemunhos das vitimas e colabora para impunidade dos crimes cometidos pelos militares e politicos envolvidos no Regime militar, consequentemente a geração atual começa a desconhecer sobre os fatos, aceita qualquer discurso negacionista e começa aceitar atitudes autoritárias de políticos. Espero que tenha compreendido a questão.
ExcluirAtt. Elber Soares