EDIMAR
RIBEIRO DOS SANTOS JUNIOR*
Resumo: O presente artigo, são resultados
consideravelmente iniciais de uma pesquisa mais ampla, que vislumbra analisar a
presença de diversos cultos populares entre o povo do Antigo Israel. Solapadas
por um processo reformador instituído por um grupo dominante, entre os séculos
IX e V a. C., na tentativa de fortalecimento da monarquia, criação de uma
identidade enquanto grupo e estabelecimento de um Deus único a ser adorado,
YAHWEH. Com isso, queremos entender e debater melhor a diversidade cultural e
de manifestações religiosas presentes no Antigo Israel e as relações de trocas
e interações com os demais povos das regiões do Levante, Crescente Fértil e
Anatólia.
Palavras-chave: Yahweh; Asherah; Cultural;
Monoteísmo; Politeísmo.
Introdução
“Eu sou o
primeiro e o último, e além de mim não há Deus” (Is 44, 6). A frase oriunda do livro de Isaías,
ilustra bem as concepções estabelecidas na religião judaica, principalmente, a
partir do século V a. C. E que permanecem até os dias atuais, tendo
influenciado não somente os dogmas judaicos, mas também, outras religiões
monoteístas.
Apesar
de hoje a religião judaica ser comumente associada e aceita como uma religião
de características monoteístas, tendo YAHWEH como seu único Deus, um Deus
universal, é importante destacar que no Antigo Israel, a religião e as práticas
religiosas não foram unas durante um longo período da história desse povo.
Durante tal período, existiram diferentes cultos e práticas religiosas, que
aconteciam em diferentes ambientes das comunidades israelitas, o que também
incluía os cultos a diversas outras divindades (DE MATOS, 2019).
A primeira vista, ao lermos os
livros sagrados judaico-cristãos, nos parece muito clara a hegemonia do Deus YAHWEH
no Antigo Israel. No entanto, nas últimas décadas, descobertas arqueológicas
vêm mostrando que o Deus, na verdade, fazia parte de um contexto muito mais
diversificado. YAHWEH, fazia parte de uma realidade politeísta, em meio a um
panteão de Deuses e Deusas adorados por este povo, possuindo por muito tempo ao
seu lado a sua consorte, a Deusa Asherah (CORDEIRO, 2007).
A
concepção atual de um Deus único no Antigo Israel, é decorrente de um longo e
multifacetado processo, com influencias dos sistemas religiosos do seu entorno.
Os textos judaico-cristãos, bem como, outros textos,
devem ser encarados como fontes históricas para se entender a história dessas
civilizações do Levante. Contudo, as informações que temos dessas civilizações
oriundas das pesquisas arqueológicas, são outras fontes de importância
fundamental para se entender o passado dessas sociedades. Colocando em cheque
até mesmo as intencionalidades políticas que os textos bíblicos oficiais carregam,
reflexo do momento ao qual estes foram escritos (REIMER, 2012).
É
importante ressaltar que o povo de Israel se estabeleceu em uma região de
intensas atividades culturais, econômicas e sociais. Viver na região e nos
arredores do Crescente Fértil significava estar em contato constante com
grandes impérios do período, como Assírios, Babilônicos, Egípcios entre outros
povos da região da Anatólia e Canaã. A dominação e influencias culturais desses
povos sobre os demais foi certa, bem como, as constantes trocas culturais uns
com os outros. Desta forma, não é possível imaginar uma cultural de Israel a
par destas influências em suas próprias práticas e concepções religiosas, tal
como pode-se supor ao analisar a bíblia de forma superficial, como aponta Ddebeskyi:
“[...] Não é possível
compreender a identidade dos povos do Crescente Fértil de forma isolada e
descontextualizada de suas relações sociais, a identidade dos hebreus, por
exemplo, não pode ser percebida como estando resumida à religião do Antigo
Israel como um conjunto organizado e estruturado de crenças centradas na
adoração e culto de Yahweh. Fazer uma análise rasa assim seria minimizar a
presença e o valor de práticas religiosas cotidianas realizadas em santuários e
espaços domésticos e consideradas marginais à ‘religião oficial’” (DZEBSKYI,
2018, P. 27).
Desta forma, é deficiente uma
análise que ignora toda essa complexidade da vida e manifestações religiosas do
povo do Antigo Israel, adotando somente um discurso oficial, encontrado nos
livros sagrados. É importante destacar de forma bem clara a distinção existente
entre a religião oficial, descrita e consolidada nos livros sagrados, oriunda
de uma classe dominante daquela sociedade, e a religião de carater mais
popular, mais fortemente praticada nas regiões rurais, que correspondia a uma
considerável parcela da população. Durante um longo período, a religião oficial
descrita nos livros sagrados, teve pouco significado para esta camada mais
rural da sociedade. Seus cultos e práticas, na verdade, foram aqueles que
passaram a ser perseguidos e condenados a partir das reformas encabeçadas por
Ezequias, Oséias, Josias. Podemos ter uma ideia melhor destas praticas
populares a partir de diversos achados arqueológicos nas terras de Israel, mas
também, ao analisar o próprio livro judaico-cristão, onde tais práticas são
descritas de maneira pejorativa e condenatória pelos redatores reformistas (ALBÁ,
2016).
É importante lembrar que todo
texto está inserido em seu contexto histórico o qual é resultado, não podendo
ser analisado de forma separada deste contexto. Uma leitura do livro sagrado
judaico-cristão ignorando tais fatores, acaba por resultar em uma análise
fundamentalista de tal fonte, o que acaba por reforçar um discurso oficial dos
grupos dominantes que comporam tais textos. Os reformadores da escola
deutoronomista, tinha uma clara visão do projeto monarquico real do Antigo
Israel. Podemos supor que a literatura foi tomada como uma ferramenta de
auxílio para se alcançar tais objetivos. Empreendendo diversas ações, a partir
de meados do século VII a. C., vindo a oferecer estabilidade e longevidade aos
propósitos monarquicos. Com isso, as divindades dos cultos populares poderiam
passar a ser consideradas proibidas e eliminadas do discuros oficial, entre
elas, a Deusa Asherah. Na contra mão, YHWH passa a ser exaltado e posto no
lugar de Deus único e verdadeiro do povo de Israel (FRIZZO, 2017).
As reformas
monárquicas: YAHWEH, Deus único.
Para
entendermos melhor a realidade em torno da Deusa Asherah no Antigo Israel, é
necessário primeiramente entender o processo ao qual resultou o monoteísmo
deste povo. Frank Crusemann (2001, p. 780) aponta de maneira mais geral, o
período de Elias como o momento onde começou a exaltação a imagem do Deus YAHWEH
como o Deus único de Israel. Neste momento, o Deus passa a rivalizar com o Deus
Baal, principal divindade do momento, e em um processo de sincretismo, passa a
incorporar características de Baal (apud CORDEIRO, 2007, p. 3). Reimer (2006,
p. 115) aponta o século V a. C., como o momento histórico em que a
exclusividade de YAHWEH começa a se constituir, de maneira mais organizada
(apud CORDEIRO, 2007, p. 3), “A exclusividade de Yahweh acarreta um processo de
‘diabolização’ da própria Deusa Asherah, onde textos bíblicos serão
instrumentos de justificação deste processo monoteísta. Frente a essa
exclusividade de Yahweh, será impossível a sobrevivência de qualquer outra
divindade” (CORDEIRO, 2007, p. 4).
A
tentativa de legitimação e exclusividade de YAHWEH, como Deus único do povo de
Israel, está conectado a diversas reformas oriundas de um projeto político da
monarquia desse povo. Nesse aspecto, Josias tem papel fundamental, ao iniciar e
dar prosseguimento a um conjunto de medidas de caráter centralizador no âmbito
econômico, social, político e cultural. No século VII a. C., aproveitando-se de
um momento de menor pressão da dominação estrangeira (proporcionada pela fragmentação
do império Assírio). Josias dá início a diversas reformas com características
do que hoje chamaríamos de “nacionalista”, baseando-se no livro Deuteronomista,
com vistas a fortalecer o poder da monarquia, e a tentativa de criar uma
identidade enquanto grupo, com centralidade na cidade de Jerusalém, e com
vistas também a anexar antigos territórios (REIMER, 2012).
“Josias
usou o livro do Deuteronômio para concentrar o poder do Estado. O primeiro
resultado alcançado foi a centralização do culto: todo o povo deve adorar um só
Deus em um só lugar, uma só nação adorando um só Deus no templo. A seguir, foi
colocado em prática o plano de erradicar qualquer outra religião tribal, para
se unir o povo ao redor de um só Deus. Por último, Josias combinou as duas
tradições (norte e sul) em uma só” (SOUZA, 2010, p. 22).
Mario
Souza (2010), enumero as medidas impostas por Josias, que segundo o autor, devem
ser tomadas em termos locais e territoriais. Algumas das medidas aconteceram na
área do templo: Onde Josias eliminou todos os elementos assírios, retirando
também todos os elementos dedicados aos deuses cananeus Baal, Asherah entre
outros, que foram queimados no vale de Cedrom. Também foram destruídas as casas
de prostituição sagradas. Na área urbana, eliminou os locais de cultos
cananeus, derrubou os santuários sagrados localizados nos montes que foram
instalados por Salomão. Nos arredores de Jerusalém, o monarca buscou eliminar
os locais sagradas dedicados aos deuses assírios e cananeus, bem como, os
sacerdotes responsáveis por esses cultos.
“[...]
Com a gradativa centralização das ações cultuais na capital, houve as condições
para a proclamação programática da existência de um único Deus da nação de
Israel-Judá. A diversidade religiosa, por exemplo, o culto a Baal, a Aserá e ao
panteão celeste, passou a ser tabuizada e combatida nos limites de uma espécie
de ‘guerra santa’ contra práticas religiosas populares e desviantes do credo
oficial” (FRIZZO, 2017, p. 183).
Para Reimer (2003), existiram 5
fases do desenvolvimento do monoteísmo em Israel: A primeira delas, seria uma
fase marcada pela sincretismo entre o Deus cananeu El, que era posto como
criador da terra e pai dos Deuses, e a divindade de nome Yahweh. O segundo,
seria em torno do século IX a. C onde aconteceram diversos conflitos entre as
divindades Baal e Yahweh. A terceira fase, seria a maior restrição referente a
exclusividade de culto apenas a Yahweh. Neste momento, temos as ações de
Ezequias e Oséias na busca de condenar os cultos a outras divindades e atos de
destruição de locais de cultos a outras divindades, como podemos observar nas
passagens Ezequias (2Rs 18,4) e no livro de Oséias. A quarta fase, se deu durante a dominação assíria,
representadas principlmente pelas reformas de Josias, buscando a exclusividade
de Yahweh. Neste momento, tais atos caracterizando-se por uma maior agressividade
e perseguição a outras práticas religiosas entre o povo de Israel. A quinta
fase, se daria no período de exílio e pós-exilio da Babilônia, marcado pela
total exclusividade a Yahweh e proibição de referências a outras divindades,
discurso este legitimado na literatura hebráica da época (Apud CORDEIRO, 2007).
O povo de Israel passou por
experiências de vivencias de exílio em terras estrangeiras, nas primeiras décadas
do século VI a. C. Tais experiências, foram ponto chave para que os israelitas
desenvolvessem um maior e mais sólido senso de identidade enqunanto grupo. Este
fortalecimento da identidade, foi possível a partir de dois caminhos
principais: o fortalecimento das tradições próprias e a integração de maneira
seletiva de aspectos culturais das culturais dominantes, como a babilônica e
Persa (REIMER, 2012). Bem como, de sua teologia, com a escrita, reelaboração e
reinterpretações do pensamento religioso judeu, momento decisivo para a criação
dos textos literários do Antigo Testamento, como reafirma Souza:
“Essa
é uma fase decisiva para a teologia do Antigo Testamento, pois somente no
exílio as tradições do antigo Israel foram colecionadas, escritas e
reelaboradas na formatação dos documentos fundamentais da fé. É um período de
reinterpretações e sistematizações que recriaram as percepções teológicas já
existentes16, pois, somente a partir do século VI a.C. houve o estabelecimento,
em Israel, da fé em um só Deus, Iahweh, um Deus zeloso, que não tolera nenhuma
outra divindade ao seu lado. Tal pensamento influenciou profundamente o
pensamento ocidental até os dias atuais” (SOUZA, 2010, p. 23).
A presença de
Asherah no Antigo Israel.
Quando
abordamos a vida religiosa do Antigo Israel é de suma importância elucidar que
durante um longo período de tempo esta foi plural e diversa. A vida religiosa
nessas comunidades possuía uma pluralidade de práticas, cultos, deuses que também
eram um reflexo das intensas interações nesta região de tantas relações, em um período
em que passou por domínio mesopotâmico, egípcio e persa. Até o final século VI
a. C., as manifestações religiosas populares pouco deram importância a
tentativa de exclusividade dos cultos voltados a YAHWEH. Mesmo no período
monárquico, momento de reformas mais duras e organizadas, esta pluralidade foi,
em certa medida, mantida (DE MATOS, 2019). Dentre toda esta diversidade, a
presença da Deusa Asherah, enquanto personagem ao qual se dedicavam cultos, foi
muito clara e forte, como pode-se observar em alguns exemplos de fontes, como
por exemplo, o livro de Oséias: “Nos cumes das montanhas oferecem sacrifícios,
e sobre as colinas queimam incenso, debaixo do carvalho, do choupo e do
terebinto, pois a sua sobra é boa. Por isso as vossas filhas se prostituem e as
vossas noras cometem adultério”
(Os 4, 13).
“Encontramos a presença escondida da Deusa-árvore, pois, a palavra traduzida
como ‘carvalho’ na verdade é Elah. Isto é, a forma feminina da palavra ’El, e,
literalmente significa ‘Deusa’. Desta forma, a sombra protetora que é boa é a
sombra da própria Deusa” (OTTERMANN, 2006, p. 279 Apud DE MATOS, 2019, p. 355).
Não
são poucos os exemplos (adotando apenas os próprios livros sagrados
judaico-cristão), que atestam a existência e popularidade do culto a Deusa
Asherah nos reinos de Judá e Israel. A exemplo:
“Fez
Judá o que era mau perante o SENHOR; e, com os pecados que cometeu, o provocou
a zelo, mais do que fizeram os seus pais. Porque também os de Judá edificaram
altos, estátuas, colunas e postes-ídolos [Asherah] no alto de todos os elevados
outeiros e debaixo de todas as árvores verdes. Havia também na terra
prostitutos-cultuais; fizeram segundo todas as coisas abomináveis das nações
que o SENHOR expulsara de diante dos filhos de Israel” (1Rs 14, 22-24).
Tais
manifestações aconteciam dentro do próprio templo de Jerusalém, os quais foram
destruídos por Josias, como já citado anteriormente:
“Então,
o rei ordenou ao sumo sacerdote Hilquias, e aos sacerdotes da segunda ordem, e
aos guardas da porta que tirassem do templo do SENHOR todos os utensílios que
se tinham feitos para Baal, e para o poste-ídolo, e para todo o exército dos
céus, e os queimou fora de Jerusalém, nos campos de Cedrom, e levou as cinzas
deles para Betel” (2Rs 23, 4).
Segundo
a pesquisadora Ottermann (2004), já na época do bronze (1800-1500 a. C) é
possível encontrar caracterizações da Deusa. Tais representações são de forma
nua, onde se destaca o triângulo púbico feminino. Outra forma de representação,
são ramos e galhos de árvores, que já na Idade do Bronze Tardia (1550-1250 a.
C), vai passar a ser gradativamente a representação da Deusa, denominada de
Deusa-Árvore (apud CORDEIRO, 2007, p. 6).
Na
Idade do Ferro IIA (1000-900 a. C), temos o início de formação do Javismo.
Neste momento as divindades passam a ser representadas por seus atributos,
neste caso, a Deusa Asherah pelo símbolo da árvore, havendo uma confusão entre
a Deusa e seu símbolo. Podemos entender tal símbolo (A árvore), como a
representação da Deusa em cultos e locais sagrados (CORDEIRO, 2007). Mas é
sobretudo no momento pós-exílio, com o fortalecimento do Javismo, que a imagem
de outras divindades vão ser opressivamente excluídas, entre elas, a Deusa
Asherah (CORDEIRO, 2007).
Algumas
evidencias arqueológicas de Asherah
Na região do antigo
território de Israel e Judá, diversas descobertas arqueológicas podem ser
remetidas a figura feminina de Asherah. Isto reforça ainda mais as hipóteses da
popularidade dos cultos a dedicados a Deusa. No Antigo Israel, a
deusa Asherah foi cultuada durante um longo período ao lado do Deus Javé, mesmo
que tenha existido um grande esforço dos patriarcas dos cultos oficiais e os
monarcas tentarem por diversos momentos distanciar e separar a relação entre os
deuses e tentarem impedir, mesmo de forma opressora, o culto a Deusa. Evidencias arqueológicas reforçam tal
hipotese, como por exemplo, as encontradas no antigo templo de Tel Arad e em
Kuntillet Ajrud (DE MATOS, 2019). O sítio arqueológico
de Tel Arad, está localizado no deserto de Judá, na região Sul do antigo
território da Judéia. A aproximadamente 140 km das modernas Tel Aviv e
Jerusalém (MENDONÇA, 2014).
Neste sítio, encontram-se dois
altares, um maior (masculino) e outro de menor proporção (feminino), como pode
ser observados na imagem acima, o que indicaria o culto a Javé e Asherah.
“As
estelas estavam colocadas fixas no santo dos santos. A maior, que representava
a divindade masculina (Javé? Baal?) media 90 cm. A outra era um pouco menor e
representava uma divindade feminina (Asherá?). A maior era fálica, tinha a
parte superior arredondada e estava pintada de vermelho. Em frente a cada uma
delas havia um pequeno altar para incenso [...] Portanto, uma prova contundente
da forte presença, em tempos tardios, de cultos da fertilidade no interior de
Judá e da influência que estes exerceram sobre o javismo” (KAEFER, 2015, p. 423,
Apud THOMAZ, 2018, p. 66).
Outro
importante sítio arqueológico é o Kuntillet ‘Ajrud, localizado no deserto do
“Sinal. Neste sítio, são encontrados diversas desenhos e inscrições. Entre os
muitos achados em Kuntillet ‘Ajrud, dois potes de cerâmica (pithos) se
destacaram devido as inscrições contidas nele” (THOMAZ, 2018, p. 67).
“[...]
Foi encontrado, entre outros artefatos importantes, fragmentos de potes de
cerâmica com desenhos e uma inscrição em paleohebraico: ‘para Javé de Samaria e
para [sua] Asherah’. Tal pote é datado entre final séc. XIX e início do séc.
VIII a.C. Esta inscrição confirmaria a extensão do domínio de Israel Norte e a
influência que o javismo teve do baalismo e do culto da fertilidade” (MENDONÇA,
2014, p. 7).
Conclusão
O
presente artigo, teve por objetivo trazer alguns dos resultados inicias alcançados
até o momento, dentro do debate sobre as diversas práticas religiosas presentes
no Antigo Israel durante um longo período de sua história. É importante ter em
mente que, o monoteísmo não foi a realidade deste povo, com sua teologia que
posteriormente também deu base para a teologia, Cristã e Islâmica. No Antigo Israel,
a diversidade de cultos e práticas religiosas se fez presente durante um longo
período de tempo. O que veio a ser combatido e perseguido posteriormente, por
um grupo dominante com um novo projeto político monárquico de poder.
Fontes Primárias utilizadas
BÍBLIA.
Português. Bíblia de Jerusalém. Nova
ed. revista e ampliada. Tradução em língua portuguesa diretamente dos
originais. São Paulo: Paulus, 2002.
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*Graduando em Licenciatura em
História pela Universidade Federal do Pará. Bolsista PIBIC-Pró Doutro em 2017 e
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DE MATOS, Sue’Hellen Monteiro. As
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THOMAZ, Angélica
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ZDEBSKYI, Janaina de Fátima. A Prostituta Sagrada e os Entrelaçamentos Transculturais no Antigo
Crescente Fértil. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Pós-Graduação em História,
Florianópolis, 2018.
Primeiramente parabéns pela pesquisa.
ResponderExcluirGostaria que você comentasse sobre o início do culto de Asherah. É possível falar de algum século em que esse culto teria iniciado? Teria sido acrescentado na fé judaica por sincretismo, mas antecedido por um monoteísmo?
No caso, teria existido um movimento de monoteísmo para politeísmo(com culto de Asherah) e posterior luta pelo retorno de um monoteísmo(com perseguição ao culto de Asherah e outros)?
Agradeço a resposta.
Wendell Presley Machado Cordovil.
Olá Wendell, boa noite!
Excluirobrigado pela pergunta e elogio.
Devido a limitação de palavras, alguns pontos não puderam ser abordados, fico feliz em poder falar brevemente sobre eles de forma breve a partir de seu comentário.
A Deusa Asherah fazia parte de um contexto politeísta, como era comum neste período histórico analisado. A existência de diversas divindades sempre foi ponto característico e o compartilhamento de divindades e cultos entre os diferentes povos, uma realidade.
Asherah durante um longo período de tempo, e desde tempos bem remotos até onde as fontes nos permitem visualizar, foi uma das principais divindades nas terras da Crescente Fértil, mais especificamente na região de Canaã. Ao lado dela, completava a trindade, Baal e El, que foi um longo período a principal figura divina nos cultos, o qual Asherah era posta como consorte.
Sobre sua origem, mesmo que ela aparece diversas vezes nos escritos de Israel, sua origem é provavelmente do Oeste semita. Data com precisão a origem de seus cultos é difícil, assim como diversas outras questões no Mundo Antigo.
Uma das primeiras da Deusa encontradas foram na Mesopotâmia, nos tempos de Hamurabi (1792-1750 a. C), no acádio e em hitita, aparece como Ašratu(m), Aširatu e Aširtu.
Porém, os principais textos sobre a deusas Asherah se encontram em textos Ugaríticos do segundo milênio antes de Cristo. Ugarit foi a principal cidade da costa fenícia durante um período de aproximadamente 800 anos, entre 2000 à 1200 a. C, tendo influenciado outros povos ao seu redor, como por exemplos os Hebreus, que chegaram na região perto do fim do domínio Ugarit, destruída pelos Filisteus.
E honestamente, até onde meus estudos me permitem opinar, não tenho conhecimento da existência de movimentos monoteístas que se tornaram posteriormente politeísta. O único exemplo de monoteísmo que recordo, além do hebreu, foi o exemplo egípcio, que também é mais antigo, que foi iniciado com Aquenáton.
Espero ter ajudado! agradeço a pergunta novamente!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito interessante sua pesquisa, parabéns!
ResponderExcluirAcredito que os livros sagrados judaico-cristãos foram construídos com o objetivo de enfatizar apenas uma cultura religiosa dentre tantas do povo judeu, no caso a religião monoteísta, embora não deixe de citar vários outros cultos a outras divindades. É natural que exista diversas formas de cultuar dentro de uma mesma cultura. Será que é possível encontrar outros livros sagrados que abordem especificamente essas outras culturas religiosas judaicas? Seria muito válido que além das descobertas arqueológicas que comprovam o que está escrito, houvesse também mais fontes descrevendo as outras práticas religiosas judaicas.
Elbia Cunha de Souza
Olá Elbia, boa noite!
ResponderExcluirAgradeço a pergunta e elogio.
ELbia, as fontes escritas que podem ser encontradas são oriundas também das diversas descobertas arqueológicas realizadas sobre as inúmeras civilizações que se estabeleceram na região. Tanto os grandes impérios mesopotâmicos, como Assírios, Sumérios, Babilônicos. Como persas, hititas, egípcios, Ugati, hebreus entre outros são fontes que citam e descrevem cultos a estas dividades por serem as principais divindades do período. Os livros judaico-cristãos aqui analisados também são, muitos deles, oriundos a partir de descobertas arqueológicas, posteriormente canonizados como sagrados das respectivas religiões.
Fontes onde você pode ler mais sobre todo esse mundo cultural na Antiguidade aqui abordado são os próprios pesquisadores que se dedicam a estudá-lo, como historiadores, arqueólogos etc.
Infelizmente não pude usar muitos deles na presente pesquisa, mas além dos que cito no artigo acima, podes procurar por nomes tais como Tilde Binger, Israel FINKELSTEIN, José Ademar Kaefer, Monika Ottermann, Milton Shwantes,
Frank CRÜSEMANN, etc
Indico a teses e artigos de Ana Cordeiro sobre o tema
Espero ter ajudado de alguma forma, e muito obrigado novamente!
Olá Edimar Ribeiro meus parabéns pelo seu texto e por sua pesquisa.
ResponderExcluirÉ muito importante esse diálogo da Arqueologia com a História,pois ela vem demonstrar elementos importantes para o conhecimento desses povos, a pesquisa aqui apresentada é riquíssima de detalhes e nos faz viajar através da sua escrita.
Meus Parabéns.!!