EU SOU O PRIMEIRO E O ÚLTIMO, E ALÉM DE MIM NÃO HÁ OUTRO DEUS: A PRESENÇA DA DEUSA ASHERAH E OUTRAS DIVINDADES ESQUECIDAS NO ANTIGO ISRAEL


EDIMAR RIBEIRO DOS SANTOS JUNIOR*



Resumo: O presente artigo, são resultados consideravelmente iniciais de uma pesquisa mais ampla, que vislumbra analisar a presença de diversos cultos populares entre o povo do Antigo Israel. Solapadas por um processo reformador instituído por um grupo dominante, entre os séculos IX e V a. C., na tentativa de fortalecimento da monarquia, criação de uma identidade enquanto grupo e estabelecimento de um Deus único a ser adorado, YAHWEH. Com isso, queremos entender e debater melhor a diversidade cultural e de manifestações religiosas presentes no Antigo Israel e as relações de trocas e interações com os demais povos das regiões do Levante, Crescente Fértil e Anatólia.

Palavras-chave: Yahweh; Asherah; Cultural; Monoteísmo; Politeísmo.

Introdução

“Eu sou o primeiro e o último, e além de mim não há Deus” (Is 44, 6). A frase oriunda do livro de Isaías, ilustra bem as concepções estabelecidas na religião judaica, principalmente, a partir do século V a. C. E que permanecem até os dias atuais, tendo influenciado não somente os dogmas judaicos, mas também, outras religiões monoteístas.
                       
Apesar de hoje a religião judaica ser comumente associada e aceita como uma religião de características monoteístas, tendo YAHWEH como seu único Deus, um Deus universal, é importante destacar que no Antigo Israel, a religião e as práticas religiosas não foram unas durante um longo período da história desse povo. Durante tal período, existiram diferentes cultos e práticas religiosas, que aconteciam em diferentes ambientes das comunidades israelitas, o que também incluía os cultos a diversas outras divindades (DE MATOS, 2019).

A primeira vista, ao lermos os livros sagrados judaico-cristãos, nos parece muito clara a hegemonia do Deus YAHWEH no Antigo Israel. No entanto, nas últimas décadas, descobertas arqueológicas vêm mostrando que o Deus, na verdade, fazia parte de um contexto muito mais diversificado. YAHWEH, fazia parte de uma realidade politeísta, em meio a um panteão de Deuses e Deusas adorados por este povo, possuindo por muito tempo ao seu lado a sua consorte, a Deusa Asherah (CORDEIRO, 2007).

A concepção atual de um Deus único no Antigo Israel, é decorrente de um longo e multifacetado processo, com influencias dos sistemas religiosos do seu entorno. Os textos judaico-cristãos, bem como, outros textos, devem ser encarados como fontes históricas para se entender a história dessas civilizações do Levante. Contudo, as informações que temos dessas civilizações oriundas das pesquisas arqueológicas, são outras fontes de importância fundamental para se entender o passado dessas sociedades. Colocando em cheque até mesmo as intencionalidades políticas que os textos bíblicos oficiais carregam, reflexo do momento ao qual estes foram escritos (REIMER, 2012).

É importante ressaltar que o povo de Israel se estabeleceu em uma região de intensas atividades culturais, econômicas e sociais. Viver na região e nos arredores do Crescente Fértil significava estar em contato constante com grandes impérios do período, como Assírios, Babilônicos, Egípcios entre outros povos da região da Anatólia e Canaã. A dominação e influencias culturais desses povos sobre os demais foi certa, bem como, as constantes trocas culturais uns com os outros. Desta forma, não é possível imaginar uma cultural de Israel a par destas influências em suas próprias práticas e concepções religiosas, tal como pode-se supor ao analisar a bíblia de forma superficial, como aponta Ddebeskyi:

“[...] Não é possível compreender a identidade dos povos do Crescente Fértil de forma isolada e descontextualizada de suas relações sociais, a identidade dos hebreus, por exemplo, não pode ser percebida como estando resumida à religião do Antigo Israel como um conjunto organizado e estruturado de crenças centradas na adoração e culto de Yahweh. Fazer uma análise rasa assim seria minimizar a presença e o valor de práticas religiosas cotidianas realizadas em santuários e espaços domésticos e consideradas marginais à ‘religião oficial’” (DZEBSKYI, 2018, P. 27).

Desta forma, é deficiente uma análise que ignora toda essa complexidade da vida e manifestações religiosas do povo do Antigo Israel, adotando somente um discurso oficial, encontrado nos livros sagrados. É importante destacar de forma bem clara a distinção existente entre a religião oficial, descrita e consolidada nos livros sagrados, oriunda de uma classe dominante daquela sociedade, e a religião de carater mais popular, mais fortemente praticada nas regiões rurais, que correspondia a uma considerável parcela da população. Durante um longo período, a religião oficial descrita nos livros sagrados, teve pouco significado para esta camada mais rural da sociedade. Seus cultos e práticas, na verdade, foram aqueles que passaram a ser perseguidos e condenados a partir das reformas encabeçadas por Ezequias, Oséias, Josias. Podemos ter uma ideia melhor destas praticas populares a partir de diversos achados arqueológicos nas terras de Israel, mas também, ao analisar o próprio livro judaico-cristão, onde tais práticas são descritas de maneira pejorativa e condenatória pelos redatores reformistas (ALBÁ, 2016).

É importante lembrar que todo texto está inserido em seu contexto histórico o qual é resultado, não podendo ser analisado de forma separada deste contexto. Uma leitura do livro sagrado judaico-cristão ignorando tais fatores, acaba por resultar em uma análise fundamentalista de tal fonte, o que acaba por reforçar um discurso oficial dos grupos dominantes que comporam tais textos. Os reformadores da escola deutoronomista, tinha uma clara visão do projeto monarquico real do Antigo Israel. Podemos supor que a literatura foi tomada como uma ferramenta de auxílio para se alcançar tais objetivos. Empreendendo diversas ações, a partir de meados do século VII a. C., vindo a oferecer estabilidade e longevidade aos propósitos monarquicos. Com isso, as divindades dos cultos populares poderiam passar a ser consideradas proibidas e eliminadas do discuros oficial, entre elas, a Deusa Asherah. Na contra mão, YHWH passa a ser exaltado e posto no lugar de Deus único e verdadeiro do povo de Israel (FRIZZO, 2017).


As reformas monárquicas: YAHWEH, Deus único.

Para entendermos melhor a realidade em torno da Deusa Asherah no Antigo Israel, é necessário primeiramente entender o processo ao qual resultou o monoteísmo deste povo. Frank Crusemann (2001, p. 780) aponta de maneira mais geral, o período de Elias como o momento onde começou a exaltação a imagem do Deus YAHWEH como o Deus único de Israel. Neste momento, o Deus passa a rivalizar com o Deus Baal, principal divindade do momento, e em um processo de sincretismo, passa a incorporar características de Baal (apud CORDEIRO, 2007, p. 3). Reimer (2006, p. 115) aponta o século V a. C., como o momento histórico em que a exclusividade de YAHWEH começa a se constituir, de maneira mais organizada (apud CORDEIRO, 2007, p. 3), “A exclusividade de Yahweh acarreta um processo de ‘diabolização’ da própria Deusa Asherah, onde textos bíblicos serão instrumentos de justificação deste processo monoteísta. Frente a essa exclusividade de Yahweh, será impossível a sobrevivência de qualquer outra divindade” (CORDEIRO, 2007, p. 4).

A tentativa de legitimação e exclusividade de YAHWEH, como Deus único do povo de Israel, está conectado a diversas reformas oriundas de um projeto político da monarquia desse povo. Nesse aspecto, Josias tem papel fundamental, ao iniciar e dar prosseguimento a um conjunto de medidas de caráter centralizador no âmbito econômico, social, político e cultural. No século VII a. C., aproveitando-se de um momento de menor pressão da dominação estrangeira (proporcionada pela fragmentação do império Assírio). Josias dá início a diversas reformas com características do que hoje chamaríamos de “nacionalista”, baseando-se no livro Deuteronomista, com vistas a fortalecer o poder da monarquia, e a tentativa de criar uma identidade enquanto grupo, com centralidade na cidade de Jerusalém, e com vistas também a anexar antigos territórios (REIMER, 2012).

“Josias usou o livro do Deuteronômio para concentrar o poder do Estado. O primeiro resultado alcançado foi a centralização do culto: todo o povo deve adorar um só Deus em um só lugar, uma só nação adorando um só Deus no templo. A seguir, foi colocado em prática o plano de erradicar qualquer outra religião tribal, para se unir o povo ao redor de um só Deus. Por último, Josias combinou as duas tradições (norte e sul) em uma só” (SOUZA, 2010, p. 22).

Mario Souza (2010), enumero as medidas impostas por Josias, que segundo o autor, devem ser tomadas em termos locais e territoriais. Algumas das medidas aconteceram na área do templo: Onde Josias eliminou todos os elementos assírios, retirando também todos os elementos dedicados aos deuses cananeus Baal, Asherah entre outros, que foram queimados no vale de Cedrom. Também foram destruídas as casas de prostituição sagradas. Na área urbana, eliminou os locais de cultos cananeus, derrubou os santuários sagrados localizados nos montes que foram instalados por Salomão. Nos arredores de Jerusalém, o monarca buscou eliminar os locais sagradas dedicados aos deuses assírios e cananeus, bem como, os sacerdotes responsáveis por esses cultos.
 
“[...] Com a gradativa centralização das ações cultuais na capital, houve as condições para a proclamação programática da existência de um único Deus da nação de Israel-Judá. A diversidade religiosa, por exemplo, o culto a Baal, a Aserá e ao panteão celeste, passou a ser tabuizada e combatida nos limites de uma espécie de ‘guerra santa’ contra práticas religiosas populares e desviantes do credo oficial” (FRIZZO, 2017, p. 183).

Para Reimer (2003), existiram 5 fases do desenvolvimento do monoteísmo em Israel: A primeira delas, seria uma fase marcada pela sincretismo entre o Deus cananeu El, que era posto como criador da terra e pai dos Deuses, e a divindade de nome Yahweh. O segundo, seria em torno do século IX a. C onde aconteceram diversos conflitos entre as divindades Baal e Yahweh. A terceira fase, seria a maior restrição referente a exclusividade de culto apenas a Yahweh. Neste momento, temos as ações de Ezequias e Oséias na busca de condenar os cultos a outras divindades e atos de destruição de locais de cultos a outras divindades, como podemos observar nas passagens Ezequias (2Rs 18,4) e no livro de Oséias. A quarta fase, se deu durante a dominação assíria, representadas principlmente pelas reformas de Josias, buscando a exclusividade de Yahweh. Neste momento, tais atos caracterizando-se por uma maior agressividade e perseguição a outras práticas religiosas entre o povo de Israel. A quinta fase, se daria no período de exílio e pós-exilio da Babilônia, marcado pela total exclusividade a Yahweh e proibição de referências a outras divindades, discurso este legitimado na literatura hebráica da época (Apud CORDEIRO, 2007).

O povo de Israel passou por experiências de vivencias de exílio em terras estrangeiras, nas primeiras décadas do século VI a. C. Tais experiências, foram ponto chave para que os israelitas desenvolvessem um maior e mais sólido senso de identidade enqunanto grupo. Este fortalecimento da identidade, foi possível a partir de dois caminhos principais: o fortalecimento das tradições próprias e a integração de maneira seletiva de aspectos culturais das culturais dominantes, como a babilônica e Persa (REIMER, 2012). Bem como, de sua teologia, com a escrita, reelaboração e reinterpretações do pensamento religioso judeu, momento decisivo para a criação dos textos literários do Antigo Testamento, como reafirma Souza:

“Essa é uma fase decisiva para a teologia do Antigo Testamento, pois somente no exílio as tradições do antigo Israel foram colecionadas, escritas e reelaboradas na formatação dos documentos fundamentais da fé. É um período de reinterpretações e sistematizações que recriaram as percepções teológicas já existentes16, pois, somente a partir do século VI a.C. houve o estabelecimento, em Israel, da fé em um só Deus, Iahweh, um Deus zeloso, que não tolera nenhuma outra divindade ao seu lado. Tal pensamento influenciou profundamente o pensamento ocidental até os dias atuais” (SOUZA, 2010, p. 23).


A presença de Asherah no Antigo Israel.

Quando abordamos a vida religiosa do Antigo Israel é de suma importância elucidar que durante um longo período de tempo esta foi plural e diversa. A vida religiosa nessas comunidades possuía uma pluralidade de práticas, cultos, deuses que também eram um reflexo das intensas interações nesta região de tantas relações, em um período em que passou por domínio mesopotâmico, egípcio e persa. Até o final século VI a. C., as manifestações religiosas populares pouco deram importância a tentativa de exclusividade dos cultos voltados a YAHWEH. Mesmo no período monárquico, momento de reformas mais duras e organizadas, esta pluralidade foi, em certa medida, mantida (DE MATOS, 2019). Dentre toda esta diversidade, a presença da Deusa Asherah, enquanto personagem ao qual se dedicavam cultos, foi muito clara e forte, como pode-se observar em alguns exemplos de fontes, como por exemplo, o livro de Oséias: “Nos cumes das montanhas oferecem sacrifícios, e sobre as colinas queimam incenso, debaixo do carvalho, do choupo e do terebinto, pois a sua sobra é boa. Por isso as vossas filhas se prostituem e as vossas noras cometem adultério” (Os 4, 13). “Encontramos a presença escondida da Deusa-árvore, pois, a palavra traduzida como ‘carvalho’ na verdade é Elah. Isto é, a forma feminina da palavra ’El, e, literalmente significa ‘Deusa’. Desta forma, a sombra protetora que é boa é a sombra da própria Deusa” (OTTERMANN, 2006, p. 279 Apud DE MATOS, 2019, p. 355).

Não são poucos os exemplos (adotando apenas os próprios livros sagrados judaico-cristão), que atestam a existência e popularidade do culto a Deusa Asherah nos reinos de Judá e Israel. A exemplo:

“Fez Judá o que era mau perante o SENHOR; e, com os pecados que cometeu, o provocou a zelo, mais do que fizeram os seus pais. Porque também os de Judá edificaram altos, estátuas, colunas e postes-ídolos [Asherah] no alto de todos os elevados outeiros e debaixo de todas as árvores verdes. Havia também na terra prostitutos-cultuais; fizeram segundo todas as coisas abomináveis das nações que o SENHOR expulsara de diante dos filhos de Israel” (1Rs 14, 22-24).

Tais manifestações aconteciam dentro do próprio templo de Jerusalém, os quais foram destruídos por Josias, como já citado anteriormente:

“Então, o rei ordenou ao sumo sacerdote Hilquias, e aos sacerdotes da segunda ordem, e aos guardas da porta que tirassem do templo do SENHOR todos os utensílios que se tinham feitos para Baal, e para o poste-ídolo, e para todo o exército dos céus, e os queimou fora de Jerusalém, nos campos de Cedrom, e levou as cinzas deles para Betel” (2Rs 23, 4).

Segundo a pesquisadora Ottermann (2004), já na época do bronze (1800-1500 a. C) é possível encontrar caracterizações da Deusa. Tais representações são de forma nua, onde se destaca o triângulo púbico feminino. Outra forma de representação, são ramos e galhos de árvores, que já na Idade do Bronze Tardia (1550-1250 a. C), vai passar a ser gradativamente a representação da Deusa, denominada de Deusa-Árvore (apud CORDEIRO, 2007, p. 6).

Na Idade do Ferro IIA (1000-900 a. C), temos o início de formação do Javismo. Neste momento as divindades passam a ser representadas por seus atributos, neste caso, a Deusa Asherah pelo símbolo da árvore, havendo uma confusão entre a Deusa e seu símbolo. Podemos entender tal símbolo (A árvore), como a representação da Deusa em cultos e locais sagrados (CORDEIRO, 2007). Mas é sobretudo no momento pós-exílio, com o fortalecimento do Javismo, que a imagem de outras divindades vão ser opressivamente excluídas, entre elas, a Deusa Asherah (CORDEIRO, 2007).

Algumas evidencias arqueológicas de Asherah

Na região do antigo território de Israel e Judá, diversas descobertas arqueológicas podem ser remetidas a figura feminina de Asherah. Isto reforça ainda mais as hipóteses da popularidade dos cultos a dedicados a Deusa. No Antigo Israel, a deusa Asherah foi cultuada durante um longo período ao lado do Deus Javé, mesmo que tenha existido um grande esforço dos patriarcas dos cultos oficiais e os monarcas tentarem por diversos momentos distanciar e separar a relação entre os deuses e tentarem impedir, mesmo de forma opressora, o culto a Deusa. Evidencias arqueológicas reforçam tal hipotese, como por exemplo, as encontradas no antigo templo de Tel Arad e em Kuntillet Ajrud (DE MATOS, 2019). O sítio arqueológico de Tel Arad, está localizado no deserto de Judá, na região Sul do antigo território da Judéia. A aproximadamente 140 km das modernas Tel Aviv e Jerusalém (MENDONÇA, 2014).

  




Neste sítio, encontram-se dois altares, um maior (masculino) e outro de menor proporção (feminino), como pode ser observados na imagem acima, o que indicaria o culto a Javé e Asherah.
            
“As estelas estavam colocadas fixas no santo dos santos. A maior, que representava a divindade masculina (Javé? Baal?) media 90 cm. A outra era um pouco menor e representava uma divindade feminina (Asherá?). A maior era fálica, tinha a parte superior arredondada e estava pintada de vermelho. Em frente a cada uma delas havia um pequeno altar para incenso [...] Portanto, uma prova contundente da forte presença, em tempos tardios, de cultos da fertilidade no interior de Judá e da influência que estes exerceram sobre o javismo” (KAEFER, 2015, p. 423, Apud THOMAZ, 2018, p. 66).

Outro importante sítio arqueológico é o Kuntillet ‘Ajrud, localizado no deserto do “Sinal. Neste sítio, são encontrados diversas desenhos e inscrições. Entre os muitos achados em Kuntillet ‘Ajrud, dois potes de cerâmica (pithos) se destacaram devido as inscrições contidas nele” (THOMAZ, 2018, p. 67).

“[...] Foi encontrado, entre outros artefatos importantes, fragmentos de potes de cerâmica com desenhos e uma inscrição em paleohebraico: ‘para Javé de Samaria e para [sua] Asherah’. Tal pote é datado entre final séc. XIX e início do séc. VIII a.C. Esta inscrição confirmaria a extensão do domínio de Israel Norte e a influência que o javismo teve do baalismo e do culto da fertilidade” (MENDONÇA, 2014, p. 7).

Conclusão

O presente artigo, teve por objetivo trazer alguns dos resultados inicias alcançados até o momento, dentro do debate sobre as diversas práticas religiosas presentes no Antigo Israel durante um longo período de sua história. É importante ter em mente que, o monoteísmo não foi a realidade deste povo, com sua teologia que posteriormente também deu base para a teologia, Cristã e Islâmica. No Antigo Israel, a diversidade de cultos e práticas religiosas se fez presente durante um longo período de tempo. O que veio a ser combatido e perseguido posteriormente, por um grupo dominante com um novo projeto político monárquico de poder.    

Fontes Primárias utilizadas
BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Nova ed. revista e ampliada. Tradução em língua portuguesa diretamente dos originais. São Paulo: Paulus, 2002.

Referências

*Graduando em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Pará. Bolsista PIBIC-Pró Doutro em 2017 e 2018 e bolsista PIBIC-UFPA em 2020. Email: junior.ej13@hotmail.com

ALBÁ, Adelina Milliet. La Asherah de YHWH em el Contexto de la Religion de Canaán. Universitat de Barcelona. Religions del Pròxim Orient Antic, 2016.
CORDEIRO, Ana Luísa Alves. Asherah: A deusa Proibida. Organização: Karina K. Bellotti e Mairon Escorsi Valério. Dossiê Religião. Dossiê Religião. N.4 – abril 2007/julho 2007. ISSN 1981-1225
DE MATOS, Sue’Hellen Monteiro. As sagradas de Asherah: culto a deusa no antigo Israel. Caminhos, Goiânia, v. 17, n. 1, p. 352-370, jan./jun. 2019.
FRIZZO, A. C. Divindades Roubadas: cultos populares no livro dos Juízes. RIBLA: REVISTA DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA LATINOAMERICANA, v. 75, p. 33, 2017.
MENDONÇA, Élcio Valmiro Sales de. Yahweh e Asherah no Sul de Judá: Bíblia e Arqueologia de Tel Arad. Seminário Interno de Pesquisa UMESP. Universidade Metodista de São Paulo, 2014.
REIMER, Haroldo. A Construção do Uno. Rev. Pistis Prax.; Teol. Pastor., Curitiba, v, 4, n. 1, p. 177-195, jan.-jun. 2012.
SOUZA, Mario de Mello. Bíblia, História e Política: A Bíblia Como Projeto Político-Religioso. Trabalho Final de Mestrado Profissional para obtenção do grau de Mestre em Teologia Escola Superior de Teologia Programa de Pós-Graduação. Linha de Pesquisa: Leitura e Ensino da Bíblia. São Leopoldo, 2010.
THOMAZ, Angélica Tostes. Asherah, A Ausência erótica de Deus. Mandragona, v.24. n. 1, 2018, p. 59-76.
ZDEBSKYI, Janaina de Fátima. A Prostituta Sagrada e os Entrelaçamentos Transculturais no Antigo Crescente Fértil. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2018.

6 comentários:

  1. Primeiramente parabéns pela pesquisa.

    Gostaria que você comentasse sobre o início do culto de Asherah. É possível falar de algum século em que esse culto teria iniciado? Teria sido acrescentado na fé judaica por sincretismo, mas antecedido por um monoteísmo?

    No caso, teria existido um movimento de monoteísmo para politeísmo(com culto de Asherah) e posterior luta pelo retorno de um monoteísmo(com perseguição ao culto de Asherah e outros)?

    Agradeço a resposta.

    Wendell Presley Machado Cordovil.

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    1. Olá Wendell, boa noite!
      obrigado pela pergunta e elogio.
      Devido a limitação de palavras, alguns pontos não puderam ser abordados, fico feliz em poder falar brevemente sobre eles de forma breve a partir de seu comentário.
      A Deusa Asherah fazia parte de um contexto politeísta, como era comum neste período histórico analisado. A existência de diversas divindades sempre foi ponto característico e o compartilhamento de divindades e cultos entre os diferentes povos, uma realidade.
      Asherah durante um longo período de tempo, e desde tempos bem remotos até onde as fontes nos permitem visualizar, foi uma das principais divindades nas terras da Crescente Fértil, mais especificamente na região de Canaã. Ao lado dela, completava a trindade, Baal e El, que foi um longo período a principal figura divina nos cultos, o qual Asherah era posta como consorte.
      Sobre sua origem, mesmo que ela aparece diversas vezes nos escritos de Israel, sua origem é provavelmente do Oeste semita. Data com precisão a origem de seus cultos é difícil, assim como diversas outras questões no Mundo Antigo.
      Uma das primeiras da Deusa encontradas foram na Mesopotâmia, nos tempos de Hamurabi (1792-1750 a. C), no acádio e em hitita, aparece como Ašratu(m), Aširatu e Aširtu.
      Porém, os principais textos sobre a deusas Asherah se encontram em textos Ugaríticos do segundo milênio antes de Cristo. Ugarit foi a principal cidade da costa fenícia durante um período de aproximadamente 800 anos, entre 2000 à 1200 a. C, tendo influenciado outros povos ao seu redor, como por exemplos os Hebreus, que chegaram na região perto do fim do domínio Ugarit, destruída pelos Filisteus.
      E honestamente, até onde meus estudos me permitem opinar, não tenho conhecimento da existência de movimentos monoteístas que se tornaram posteriormente politeísta. O único exemplo de monoteísmo que recordo, além do hebreu, foi o exemplo egípcio, que também é mais antigo, que foi iniciado com Aquenáton.

      Espero ter ajudado! agradeço a pergunta novamente!

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  3. Muito interessante sua pesquisa, parabéns!
    Acredito que os livros sagrados judaico-cristãos foram construídos com o objetivo de enfatizar apenas uma cultura religiosa dentre tantas do povo judeu, no caso a religião monoteísta, embora não deixe de citar vários outros cultos a outras divindades. É natural que exista diversas formas de cultuar dentro de uma mesma cultura. Será que é possível encontrar outros livros sagrados que abordem especificamente essas outras culturas religiosas judaicas? Seria muito válido que além das descobertas arqueológicas que comprovam o que está escrito, houvesse também mais fontes descrevendo as outras práticas religiosas judaicas.

    Elbia Cunha de Souza

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  4. Olá Elbia, boa noite!
    Agradeço a pergunta e elogio.
    ELbia, as fontes escritas que podem ser encontradas são oriundas também das diversas descobertas arqueológicas realizadas sobre as inúmeras civilizações que se estabeleceram na região. Tanto os grandes impérios mesopotâmicos, como Assírios, Sumérios, Babilônicos. Como persas, hititas, egípcios, Ugati, hebreus entre outros são fontes que citam e descrevem cultos a estas dividades por serem as principais divindades do período. Os livros judaico-cristãos aqui analisados também são, muitos deles, oriundos a partir de descobertas arqueológicas, posteriormente canonizados como sagrados das respectivas religiões.
    Fontes onde você pode ler mais sobre todo esse mundo cultural na Antiguidade aqui abordado são os próprios pesquisadores que se dedicam a estudá-lo, como historiadores, arqueólogos etc.
    Infelizmente não pude usar muitos deles na presente pesquisa, mas além dos que cito no artigo acima, podes procurar por nomes tais como Tilde Binger, Israel FINKELSTEIN, José Ademar Kaefer, Monika Ottermann, Milton Shwantes,
    Frank CRÜSEMANN, etc
    Indico a teses e artigos de Ana Cordeiro sobre o tema
    Espero ter ajudado de alguma forma, e muito obrigado novamente!

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  5. Olá Edimar Ribeiro meus parabéns pelo seu texto e por sua pesquisa.
    É muito importante esse diálogo da Arqueologia com a História,pois ela vem demonstrar elementos importantes para o conhecimento desses povos, a pesquisa aqui apresentada é riquíssima de detalhes e nos faz viajar através da sua escrita.

    Meus Parabéns.!!

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